Vejam! O braço do Senhor não está tão curto que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá. Pois as suas mãos estão manchadas de sangue, e os seus dedos, de culpa. Os seus lábios falam mentiras, e a sua língua murmura palavras ímpias. Ninguém entra em causa com justiça, ninguém faz defesa com integridade. Apoiam-se em argumentos vazios e falam mentiras; concebem maldade e geram iniquidade. Chocam ovos de cobra e tecem teias de aranha. Quem comer seus ovos morre, e de um ovo esmagado sai uma víbora. Suas teias não servem de roupa; eles não conseguem cobrir-se com o que fazem. Suas obras são más, e atos de violência estão em suas mãos. Seus pés correm para o mal, ágeis em derramar sangue inocente. Seus pensamentos são maus; ruína e destruição marcam os seus caminhos. Não conhecem o caminho da paz; não há justiça em suas veredas. Eles as transformaram em caminhos tortuosos; quem andar por eles não conhecerá a paz. Por isso a justiça está longe de nós, e a retidão não nos alcança. Procuramos, mas tudo é trevas; buscamos claridade, mas andamos em sombras densas. Como o cego caminhamos apalpando o muro, tateamos como quem não tem olhos. Ao meio-dia tropeçamos como se fosse noite; entre os fortes somos como os mortos. Todos nós urramos como ursos; gememos como pombas. Procuramos justiça, e nada! Buscamos livramento, mas está longe! Porquanto são muitas as nossas transgressões diante de ti, e os nossos pecados testemunham contra nós. As nossas transgressões estão sempre conosco, e reconhecemos as nossas iniquidades: Rebelar-nos contra o Senhor e traí-lo, deixar de seguir o nosso Deus, fomentar a opressão e a revolta, proferir as mentiras que os nossos corações conceberam. Assim a justiça retrocede, e a retidão fica à distância, pois a verdade caiu na praça e a honestidade não consegue entrar. Não se acha a verdade em parte alguma, e quem evita o mal é vítima de saque. Olhou o Senhor e indignou-se com a falta de justiça. Ele viu que não houve ninguém, admirou-se porque ninguém intercedeu; então o seu braço lhe trouxe livramento e a sua justiça deu-lhe apoio. Usou a justiça como couraça, pôs na cabeça o capacete da salvação; vestiu-se de vingança e envolveu-se no zelo como numa capa. Conforme o que fizeram lhes retribuirá: aos seus inimigos, ira; aos seus adversários, o que merecem; às ilhas, a devida retribuição. Desde o poente os homens temerão o nome do Senhor, e desde o nascente, a sua glória. Pois ele virá como uma inundação impelida pelo sopro do Senhor. “O Redentor virá a Sião, aos que em Jacó arrependerem-se dos seus pecados”, declara o Senhor. “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles”, diz o Senhor. “O meu Espírito que está em você e as minhas palavras que pus em sua boca não se afastarão dela, nem da boca dos seus filhos e dos descendentes deles, desde agora e para sempre”, diz o Senhor. (Isaías 59.1-21 NVI)

Eu não sei se você já pensou sobre isso ou não, mas você foi projetado para ter esperança. Você não vive por instinto. Toda decisão que você faz é alimentada e motivada por esperança. Os seus momentos mais felizes estão relacionados a esperanças concretizadas e os seus momentos mais tristes estão relacionados a esperanças destruídas. Você está sempre esperando algo.

Isaías 59 é uma brilhante passagem de esperança, pois foi escrita num momento de trevas. Os filhos de Israel haviam sido mantidos em cativeiro na Babilônia e agora voltavam para uma Jerusalém em ruínas. A cidade não tinha mais muralhas, o templo havia sido destruído e a infraestrutura do governo estava devastada. Foi uma destruição fundamental para aquela sociedade, porém, no meio daquela escuridão, surge a discussão sobre esperança que lemos em Isaías 59.

Se esta passagem é sobre esperança, precisamos defini-la. Há quatro elementos importantes. O primeiro: a esperança é um objeto e uma expectativa. Você tem esperança em algo e pede para que esse algo lhe dê o que quer. O segundo: a porta de entrada para a esperança é a falta de esperança. A única maneira de você encontrar verdadeira esperança é desistindo de suas falsas esperanças. O terceiro: a esperança, para ser confiável, precisa restaurar o que está quebrado. A esperança precisa, com sucesso, se dirigir aos grandes dilemas da nossa existência, ou, então, não vale a pena esperar por ela. E o quarto: a esperança é uma Pessoa, e o Seu nome é Jesus. A esperança não é uma situação; a esperança não é um lugar; a esperança não é uma experiência. A esperança é uma Pessoa.

Voltemos à nossa passagem. Isaías 59 pode ser dividido em quatro partes. A primeira parte (v.1) começa com uma falsa acusação de Israel contra Deus. A segunda parte (vv.2-8) é uma resposta à acusação, proferida por Deus contra o Seu povo. A terceira parte (vv.9-15) contém uma importante confissão feita pelos filhos de Deus. A quarta e última parte (vv.16-20) descreve como Deus responderá à confissão.

Versículo 1 – Vejam! O braço do Senhor não está tão curto que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. Deus, através do profeta, está respondendo à acusação que Israel Lhe fez. Eles eram um povo sofredor e, no meio das dificuldades, começaram a questionar a Deus. Eles questionaram o Seu poder (o braço curto) e a Sua bondade (não ouvir o choro).

Nós somos muito semelhantes aos israelitas. Quando a vida nos desaponta, de alguma maneira, e o conforto e as facilidades que procuramos são removidos, é muito tentador trazermos Deus para a corte do nosso julgamento e questionarmos a Sua fidelidade. No entanto, frequentemente, a graça de Deus é revelada de maneiras desconfortáveis. Deus permite que a dificuldade surja em nossa porta, não porque Ele é muito fraco para nos ajudar ou porque Ele não ouve nosso choro, mas porque nós precisamos de uma transformação pessoal em nosso coração. Assim como os israelitas, nós queremos a graça do alívio e a graça da libertação. Porém, o que precisamos é da graça do refinamento.

Deus responde à falsa acusação com uma acusação divina que começa no versículo 2: Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá. A acusação continua no versículo 8, e acaba por revelar o verdadeiro problema.

Nós gostamos de pensar que os problemas mais profundos de nossa vida estão no exterior, e não no nosso interior. Nós gostamos de culpar as circunstâncias, os lugares ou os relacionamentos. Nós gostamos de pensar que nós somos os bonzinhos e, claro, ainda que possamos cometer alguns erros ao longo do caminho, a culpa final é sempre das outras pessoas e das outras coisas. Não é por isso que as pessoas gostam de protestar? Você nunca encontrará alguém em um protesto carregando uma placa que diz “Eu sou o problema”, e uma seta apontando para baixo. Nós gostamos de protestar porque podemos apontar o dedo e acusar os outros pelos nossos problemas. É isso o que Israel fez; eles tentaram culpar Deus e suas circunstâncias, mas Deus foi rápido em descrever qual era o real problema: o coração deles.

Pense comigo por um instante. Casamento ruim não existe. A instituição do casamento não tem problema nenhum. Os casamentos azedam porque você tem duas pessoas envolvidas nele. O mesmo vale para má vizinhança. Aquela vizinhança não teria nenhum problema se você removesse todas as pessoas más. Não existe governo corrupto. Os governos são corrompidos por políticos corruptos.

Nós não podemos culpar apenas as outras pessoas. Nós não podemos culpar apenas as nossas circunstâncias. É óbvio que pecarão contra nós e que nós viveremos em circunstâncias difíceis. Porém, nosso maior problema é o nosso coração. Essa é a acusação que Deus fez e, quando Deus acusa, é melhor nós ouvirmos.

A acusação divina é seguida de uma confissão que começa no versículo 9: Por isso a justiça está longe de nós, e a retidão não nos alcança. Procuramos, mas tudo é trevas; buscamos claridade, mas andamos em sombras densas. A confissão continua até o versículo 15, com Israel admitindo o seu pecado. E no versículo 12 temos o ápice: Porquanto são muitas as nossas transgressões diante de ti, e os nossos pecados testemunham contra nós. As nossas transgressões estão sempre conosco, e reconhecemos as nossas iniquidades.

Israel não podia culpar a Deus; eles não podiam culpar os babilônios ou qualquer outro grupo; eles não podiam culpar as suas difíceis circunstâncias. Eles eram o maior problema. Eles também não podiam encontrar esperança em mais ninguém, uma vez que toda a humanidade sofria da mesma condição. Todos os lugares eram povoados por essas pessoas. Israel não tinha qualquer esperança.

Todavia, essa falta de esperança foi a melhor coisa que eles puderam experimentar. Lembremos do segundo elemento da esperança: a porta de entrada para a esperança é a falta de esperança. Assim como Israel, eu e você precisamos abandonar todas as nossas falsas esperanças. Biblicamente, não faz o menor sentido procurarmos esperança em pessoas ou lugares deste mundo, mas nós fazemos isso o tempo todo. Nós dizemos :”Se ao menos eu tivesse _________, eu seria feliz”, ou “se ao menos ________ não tivesse acontecido, eu estaria satisfeito”. O que preencher estas lacunas, é no que você está buscando por esperança. Assim que Israel percebeu que eles eram o seu maior problema, e que toda aquela esperança horizontal seria falha, eles humildemente confessaram e se voltaram para a única fonte de esperança que poderia salvá-los.

Finalmente, depois da acusação e da confissão, o Senhor revela o Seu plano de salvação, começando com a segunda parte do versículo 15: Olhou o Senhor e indignou-se com a falta de justiça. Ele viu que não houve ninguém, admirou-se porque ninguém intercedeu; então o seu braço lhe trouxe livramento e a sua justiça deu-lhe apoio. À luz dos desastres e rebeliões, Deus não voltou as costas para os Seus filhos. Em vez disso, Ele lhes revelou o plano de salvação e redenção. Estes versículos finais são uma predição de Cristo, enviado do céu para a Terra e armado com Justiça e Graça. Os versículos 17 a 19 descrevem a Sua Justiça. Deus iria lidar com o mal. Essa passagem deixa bem claro que este é um Deus perfeitamente comprometido com a justiça. Isso deve nos deixar temerosos, mas também confortados. Você não gostaria de viver em um mundo onde fosse permitido que a injustiça reinasse. Há conforto em saber que o Rei do universo está totalmente comprometido em condenar todas as maldades.

No entanto, Cristo não está apenas armado com justiça; Ele vem armado com Graça. Os dois versículos finais de Isaías 59 revelam a graça redentora de Deus: “O Redentor virá a Sião, aos que em Jacó arrependerem-se dos seus pecados”, declara o Senhor. Redimir significa comprar algo de volta. Com Sua vida, Sua morte e Sua ressurreição, a justiça de Cristo pagou o preço por você. Por causa de Cristo, o seu pecado não mais o separa do Senhor.

Essa é a história do Natal. O Natal é sobre esperança. É por isso que os anjos cantaram aquelas canções gloriosas. É por isso que os pastores ficaram estupefatos. É por isso que os magos foram adorá-lO. A esperança havia chegado, na pessoa do Senhor Jesus Cristo.

Nessa estação do Advento, não procure por esperança nas suas situações, ou circunstâncias ou relacionamentos. A esperança nunca poderá ser encontrada horizontalmente. A esperança já chegou, e o seu nome é Jesus.

Questões Para Refletir

1 – Você já questionou a fidelidade de Deus? Que circunstâncias o levaram a duvidar do Seu caráter?

2 – Você normalmente culpa suas circunstâncias ou relacionamentos pelos seus pecados? Por que você aponta o dedo e argumenta pela sua própria justiça?

3 – Nomeie algumas coisas que a sua cultura define como esperança. Por que essas fontes de esperança são falhas?

4 – Que circunstâncias ou relacionamentos você está enfrentando agora? Como Jesus pode ser sua esperança no meio da dificuldade?

Devocional desenvolvido por Paul Tripp. Publicado sob autorização de Paul Tripp Ministries. Para o original, clique aqui. Traduzido por Karen Zambelli.